Vamos comemorar o Dia da Música Popular Brasileira? A data não foi escolhida por acaso! 17 de outubro, marca o nascimento de Chiquinha Gonzaga, responsável por moldar a música e a cultura brasileira. A artista estava à frente do seu tempo, mostrando a desigualdade racial, de gênero e quando o assunto era direitos autorais de artistas. Você sabia disso? Vamos conversar sobre Chiquinha Gonzaga, da música ao Direito Autoral.
Acompanhe!
Transgressões femininas
Filha de uma mulher negra alforriada e um rígido militar, Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847. Sua educação seguiu uma linha tradicional. Começou a ter aulas de piano desde criança e realizar apresentações em casa para familiares e amigos dos seus pais.
Chiquinha casou aos 16 anos. Seu marido, escolhido por ser pai, enxergava o piano como um rival, situação que acabou desgastando a relação.
Em uma época em que mulheres não tinham voz ou direitos, Chiquinha teve seu primeiro embate social. Afinal, ela abandonou o casamento para viver ao lado de João Batista de Carvalho. Seu marido moveu uma ação judicial de divórcio perpétuo, no Tribunal Eclesiástico, por abandono do lar e adultério.
Contribuições históricas para a música brasileira
A relação da mulher com a música era reservada a esfera privada, dos lares. Chiquinha mostrou talento, coragem e determinação ao se profissionalizar na música.
Foi a primeira mulher à frente de uma orquestra. Na época, a imprensa não sabia como se referir a ela, já que não tinha palavra feminina para esse cargo. Ao longo da carreira como maestrina, Chiquinha musicou peças de teatros de gêneros variados.
Chiquinha regeu um concerto de violões, promovendo um instrumental até então estigmatizado. Envolvida nas questões sociais da época, Chiquinha vendia partituras de porta em porta para angariar fundos para a Confederação Libertadora. Com dinheiro, comprou a alforria de José Flauta.
Em 1899, Chiquinha compôs a marchinha de carnaval “Ó Abre Alas”, um marco da música brasileira que atravessou gerações.
Chiquinha Gonzaga, da música ao Direito Autoral
Durante uma temporada na Europa, atuando como compositora de partituras para o teatro, Chiquinha deparou-se com suas obras sendo comercializadas sem sua autorização.
Ao retornar para o Brasil, a artista resolveu atuar pela causa dos Direitos Autorais, sendo uma das fundadoras da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). Em uma época diferente da nossa, quando o assunto é proteção autoral, encontramos esforços de artistas para cuidar da sua produção intelectual.
Apesar da sua grande importância para a música e a cultura brasileira, Chiquinha enfrentou grande preconceito. Porém, é inegável sua contribuição para os rumos da música propriamente brasileira.
Viva Chiquinha Gonzaga! Viva a heroína da música brasileira!
Veja também:
Proteção autoral: saiba como registrar a sua obra
Entenda a disputa judicial de Roberto Carlos e Erasmo contra gravadora